De BH para o mundo: casa em favela vence prêmio internacional de arquitetura

Coletivo Levante


Atualizado em 16.04.24

Número 1 do mundo! A Casa do Pomar do Cafezal, localizada na comunidade Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, foi a grande vencedora do prêmio internacional, promovido pelo Archdaily, na categoria casa. A construção simples e feita pelo coletivo Levante desbancou vários concorrentes internacionais em um dos concursos mais importantes da arquitetura mundial. O reconhecimento foi muito comemorado pelo morador, Kdu dos Anjos, “juro que estou em prantos, não sei nem o que falar”. Ele ainda exalta que “esse prêmio é pra todas as periferias do mundo!”.

Conheça a especialista

Andressa Oliveira é arquiteta e urbanista, com master em arquitetura e lighting design, especialista no cultivo de plantas em casa e experiência em projetos arquitetônicos e de interiores.

Os responsáveis pelo projeto também celebraram o feito: “estamos muito felizes com o resultado! Em primeiro lugar, queremos agradecer demais a todo mundo que colou com a gente, votou e ajudou a colocar a favela no topo do mundo! Esperamos que o projeto da Casa no Pomar do Cafezal possa inspirar muitas outros nas periferias do Brasil!”.

A construção, que tem cerca de 70m², foi implantada em um terreno anguloso e realizada com ajuda de diferentes profissionais, fornecedores e residentes do local. Para o mundo, um vencedor; para o morador, um “barraco”, como ele chama; e para os líderes do projeto, “um ‘modelo’ construtivo que utiliza materiais próprios da periferia, com uma implantação adequada e atenção à iluminação e ventilação, resultando em um espaço com grande qualidade ambiental”.

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A casa foi construída com blocos de 8 furos, um material muito comum nas favelas. Entretanto sua forma de assentando na horizontal foi um diferencial que, conforme os arquitetos, é “pouco comum no morro, uma vez que assentar o bloco em pé é mais rápido e faz com que o material renda mais”.

A justificativa foi que, assim, é possível “garantir a melhor inércia térmica para a casa, já que, com assentamento na horizontal, a largura da parede será correspondente à maior dimensão do bloco”. Os blocos também aparecem como cobogós ou combinados com blocos de concreto, “por uma necessidade estrutural”, explicam. Assim, mostram como um mesmo material pode ser um elemento versátil em uma residência.

Outro cuidado que os profissionais tiveram foi manter “o repertório construtivo próprio dos mutirões, quanto à estrutura e aos fechamentos de tijolos aparentes. [Também] nos preocupamos em observar com cuidado questões referentes ao fluxo das águas de chuva e sua absorção no terreno; em minimizar a intervenção no solo; oferecer ventilação e iluminação naturais de forma generosa, além do controle de temperatura com elementos leves como as peças roliças de eucalipto e a vegetação. E, claro, aproveitar ao máximo a vista, que é extraordinária e que não se vê igual lá do asfalto.”

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Os profissionais também exaltam a visibilidade e a importância do prêmio, “ficamos muito felizes em ver esse projeto alcançando mais lugares e pessoas”. O reconhecimento do “barraco do Kdu” demostra que outra grande conquista da construção é utilizar soluções econômicas e aproveitar da melhor forma os materiais e as condições locais. E valida que a arquitetura pode e deve ser acessível para todos, além de exaltar a força da união de moradores locais. Surpreenda-se também com essa casa de fachada simples e interior incrível!

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